Ficha de leitura 4

 

  • Referência bibliográfica: GUERRA, Isabel Carvalho. (2002). Fundamentos e processos de uma sociologia da acção: o planeamento em Ciências Sociais. 2.ª ed. Cascais: Principia pp. 175-207
  • Palavras-chaves: Projecto avaliadores;Tipos de avaliação; Funções da avaliação; Modelos de avaliação
  • Síntese do texto

 A autora do texto inicia a temática da avaliação de um projeto de intervenção, mencionando que, todos os projetos devem envolver um plano de avaliação, que deve ser estruturado em função do desenho do projeto, envolvendo mecanismos de auto – controlo que possibilitem compreender os resultados e os efeitos de intervenção e assim realizar correções de percursos que não são previstos ou desejáveis. No entanto esta tarefa nem sempre é fácil de se realizar devido à multiplicidade de modelos e processos de avaliações disponíveis no mercado. 
Seguindo esta linha, é importante percebermos que os projetos podem escolher várias modalidades de organização da avaliação, porém, é feita uma combinação da auto – avaliação e da avaliação interna ou externa. A principal diferença entre estes dois tipos de avaliação assenta na forma de controlo das variáveis em causa. 
Em função de quem realiza a avaliação são distinguidos os diversos tipos de avaliação, nomeadamente: 1) a auto – avaliação, em que a avaliação é realizada pela mesma equipa que a executa ( pode eventualmente ter ajuda externa); 2) a avaliação interna, é realizada por pessoas que procedem do interior da instituição executora do projeto; 3) a avaliação externa, é realizada por avaliadores externos à instituição, ou seja, não implicados no programa; 4) avaliação mista, realiza uma combinação dos vários tipos de avaliação. 
Relativamente aos tipos de avaliação a utilizar num projeto, na minha opinião varia muito de projeto para projeto e do que se pretende analisar e obter com os resultados. No entanto, a combinação destas tipologias, aparenta ser uma mais-valia para qualquer projeto, isto porque, a auto – avaliação, na prática é a avaliação que alguém faz de si próprio, o facto de eu saber analisa / avaliar a minha posição/ papel num projeto, o querer saber se estou a ir ao encontro dos objetivos propostos inicialmente ou se o projeto está a ter uma boa condução, permite sempre realizar melhorias ou até mesmo refazer algo. A avaliação interna é vantajosa na medida em que é realizada dentro da organização gestora do projeto com distanciamento da equipa de execução, contudo, podem ser avaliações “ contaminadas” pelo sentimento do avaliador ou envolvência com a organização, isto é, nem sempre há neutralidade, assim sendo e por vezes por questões de ordem “política” os resultados são alterados para “ beneficiar” a organização de alguma maneira. Em relação à avaliação externa, parece-me que é uma avaliação com bastante pertinência, estabilidade consistência e rigor, na medida em que é realizada por pessoas estranhas à organização, promovendo assim a imparcialidade na avaliação dos resultados. 

Neste seguimento, e tendo em conta a evolução das práticas avaliativas no campo da ação social, podemos dizer que, atualmente as experiências de avaliação entram em confronto com os paradigmas de avaliação, sendo estes : 1) a avaliação tecnocrática, caracterizada pelo seu grande pragmatismo e pela facilidade operacional, revela uma falta de preocupação com os processos que permitem chegar aos objetivos, esta avaliação é orientada para os decisores; 2) a avaliação processual, pretende contornar as falhas de avaliação anterior, concedendo o processo de um dispositivo de auto – regulação ampliada para os diversos tipos de atores implicados; 3) por fim, a avaliação participativa, visa resolver a multiculturalidade dos olhares na forma de conduzir os processos sociais e a nova democraticidade que é exigida à ação pública. 

No que concerne à avaliação e à pesquisa, importa referir que utilizam diferentes metodologias, no entanto, ambas recorrem às metodologias tradicionais de investigação em ciências sociais. Saliento que, a investigação difere da avaliação na medida em que, não pretende medir os resultados de uma ação. A pesquisa é entendida como” a utilização sistemática de instrumentos de recolha de informação que permitam um melhor conhecimento do real independentemente do uso a dar a esse conhecimento”(Guerra, 2002, p. 184). 
Nesta linha de pensamento, Zuniga ( 1986, p.16 in Guerra, 2002), sugere que a investigação e a avaliação se reconciliem através da” investigação – avaliativa”, centrando-se na conceção de um programa como uma ação coletiva, previamente planificada, envolvendo uma racionalidade explícita que prevê os resultados a alcançar, organizando atividades como meios para alcançar os fins pretendidos. 
Quanto à definição de avaliação, tem sido vista como “ um conjunto de procedimentos para julgar os méritos de um programa e fornecer uma informação sobre os seus fins, as suas expectativas, os seus resultados previstos e imprevistos, os seus impactes e os seus custos ( Kosekoff e Fink, 1982, citado por Guerra 2002, p. 186). 
Em relação às funções da avaliação destacam-se quatro: a primeira diz respeito à avaliação como medida, a avaliação não é apenas medição dos resultados finais, mas um processo continuado que se articula com a acção, sendo os resultados finais uma parte da avaliação: a segunda, a avaliação como utensílio de apoio à tomada de decisão, neste sentido, avaliar implica julgar, assim sendo deve conceber informação que permita facilitar a racionalização da tomada de decisões; seguidamente, a avaliação como processo de formação, é entendida como um processo de aprendizagem, que é visto como um instrumento de reflexão e racionalização perante contextos e resultados da ação. Por último, a avaliação como participação e aprofundamento da democracia participativa, deve ser constituída como um momento de reflexão dos diversos parceiros sobre as causas dos problemas e os efeitos das ações, assim como também, sobre as decisões no que respeita à melhor forma de atuar. 

 

  • Reflexão crítica

Ao fazer um balanço final deste capítulo, consegui compreender a importância que a avaliação tem num projeto de intervenção, na medida em que, deve estar bem patente desde o início até ao fim de um projeto, pois só assim se consegue comparar em determinados momentos se os objetivos estão a ser alcançados ou não. Lembro que, a avaliação permite afinar e corrigir os programas. Nem sempre o que prevemos inicialmente através do processo de programação se adequa com a situação real, por vezes é necessário avaliarmos as ações executadas, de forma a repensar algumas situações que são imprevistas. 
Acredito que toda a informação que assimilei até agora com a leitura dos diversos textos, me preparou para enfrentar e contornar obstáculos que possam surgir na elaboração, aplicação, execução e avaliação do projeto, assim como também me vai ajudar a orientar e encaminhar o projeto na direção certa, ou seja, para o sucesso. Contudo, nem tudo depende de nós, pois num projeto há diversos fatores que nem sempre são fáceis de lidar, como por exemplo, a componente humana, que abarca comportamentos tanto previsíveis como imprevisíveis.